Sou uma romântica incorrigível, mesmo quando não devo. E adoro histórias
de amor, principalmente se por detrás está a tragédia à espreita, que torna a
vida mais próxima da ópera do que da comédia. Nelson e Winnie Mandela viveram
uma história de amor intensa e inacreditável. Winnie está longe, mas muito
longe mesmo de ser uma santa, ou uma mulher que se deva admirar. Mas é impossível
negar a extraordinária vida desta mulher. Casou com Mandela em 1958, contra a
vontade do pai. A família de Winnie era rica e possibilitou-lhe o acesso à
educação, num país onde as casas de banho eram separadas por cores, mas isso
toda a gente já sabe. A primeira assistente social negra a exercer em
Joanesburgo viu o marido entrar na clandestinidade em 1961 e ser preso em 1962 até
ser libertado em 1990. 28 anos longe da família, 27 anos preso. Portanto Winnie
só viu o marido duas vezes
por ano, durante 27 anos, porque os prisoneiros só tinham direito a meia hora
de visita de seis em seis meses. É óbvio que teve amantes, e mais dois
filhos desses amantes. 27 anos é muito
tempo, tempo demais e ninguém sabe o que o casal combinou. Quando Mandela saiu,
Winnie estava lá, mas já não era a mesma e não podia ser. Acusada de fraude, de
roubo e de assassinato, Winnie foi e era
culpada de tudo. Mandela teve de separar-se da mulher que amava por uma
causa maior, o seu país. Fez bem. Mas os laços não se cortaram. Foi Winnie que
criticou o partido por mostrarem o ex-marido com ar debilitado. Foi Winnie que
criticou as visitas constantes que debilitavam Mandela. Porque para o bem e
para o mal, foi Winnie que esteve ao lado de Mandela nos momentos mais
decisivos da sua vida. Até ao fim.
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