domingo, 29 de setembro de 2013

Votar é uma emoção!

Hoje, tal como milhares de portugueses, fui votar.Gosto do acto de votar não  apenas pela escolha democrática que temos direito ou pelo dever que temos de cumprir, mas pela possibilidade de ver pessoas que já não vejo há muito tempo.E porque gosto de política e, este ano, os tesourinhos das autárquicas animaram os meus dias. Mas sobretudo e especialmente e principalmente porque adoro as conversas antes do voto. Existem aqueles que votam sempre no mesmo partido, tipo clube de futebol(" ah, eu voto no meus PSD" ouvi hoje várias vezes), e os que votam sempre em partidos diferentes para não ofender ninguém. Os comunistas vêm-se à distância, é camarada para lá e camarada para cá, os do PP reconhecem-se pelos botões de punho, os do PS topam-se pelos olhares ansiosos, e os independentes são tão independentes que a sua independência anda para lá sem ser visível. E depois há toda uma gama de comentários que merece ser ouvida. São aquelas gaiatas da terra que se candidatam porque querem lá se meter, é aquela lista que não tem ninguém da terra onde já se viu isto? é o filho da não sei quantas que está na lista A e o filho do não sei quantos que está na lista B. É aquela vaidosa que vai vestida como se fosse para um casamento e a outra desleixada que vai vestida como se fosse para o campo. É o Chico que está velho e o filho do Chico que está jeitoso,Oh se está!
Votar é uma emoção que não tem nada que ver com partidos nem com candidatos. Votar é toda uma outra emoção, onde os dias das gentes se cruzam com esse dia especial que infelizmente só se repete de 4 em 4 anos. E ganhe quem ganhar, para uns vai ser uma tragédia, para outros uma festa. E passados 15 dias o tipo já é um corrupto, ou um choninhas ou um arrogante, que faz tudo mal comparado com o anterior que fazia tudo bem e era tão maravilhoso.
E pronto, agora só daqui a 4 anos é que eu volto a ver o filho do Chico, a vestimenta da Maria e o cabelo desmazelado da Manuela.Há lá maior emoção do que ir votar? 


O Estado deve fazer o que é útil. O indivíduo deve fazer o que é belo.
Oscar Wilde

domingo, 22 de setembro de 2013

Nós sabemos.

Este mês de Setembro trouxe  mais más notícias que boas. Por problemas de saúde, ou de dinheiro, ou de amor, o mês de Setembro encerra a boa-disposição de Agosto e traz-nos à realidade de forma brutal. Este é um mês difícil, mas por favor, não o tornemos ainda mais. Existem frases desnecessárias e informações não requeridas que dispensamos de bom grado. Nós, que estamos a passar por um momento difícil, sabemos toda a verdade:que é difícil ou que o caminho é longo ou tudo isto junto.
E, em muitos casos, sabemos que a porta de saída é aquela por onde não se regressa. Nós, os que passamos por tudo isto, sabemos.
E, por isso, quando falamos com alguém  sobre a situação agradecemos simpatia, palavras dóceis, olhares meigos. Dispensamos estatísticas, olhares de comiseração que contêm um certo prazer pela desgraça. 
É claro que já disse coisas dos outros que não devia ter dito, já dei sentenças que ninguém me pediu, falei de coisas para as quais não fui chamada. Errei, sei agora que errei. Todos o fizemos, todos fomos mauzinhos alguma vez na vida, até sem nos apercebermos. Portanto, se tiver de dizer algo diga-o de forma suave. Não acrescente estatísticas desnecessárias, prognósticos negativos, informações indelicadas. Porque nós sabemos. E sabemos também que a esperança é vã, mas existe. A esperança existe! 


"O silêncio é um amigo que nunca trai."
Confúcio

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Em casa dos pais!

Estou temporariamente em casa dos meus pais. Depois de ter saído de casa aos 18 anos para estudar, voltei para casa um ano depois do curso terminar. Foi tão mau que me disseram " arranja casa" e a minha irmã, no dia em que saí, mudou-se para o meu quarto alterando-o completamente. Portanto, passados 15 anos voltei para casa. Não, não é um horror. É uma tragédia! Não tenho quarto, não tenho nada. Mas tenho que ter boa disposição porque os meus pais precisam da minha ajuda  e agora  não lhes vou faltar. Tenho saudades da minha casa, do meu sofá, das minhas coisas. Não sei ligar estes electrodomésticos, não sei fazer café nesta máquina, estou totalmente dependente. A minha mãe só vê a SicMulher: é a Nigella, é o American Got Talent, é uma série qualquer que eu nem percebo mas tem mulheres a gritar. E quando muda é para assistir a dramas reais no National Geografic.A sério mãe, já não te chega a realidade?
Portanto, sou uma visitante temporária onde temporariamente nada me é cedido. Tenho tantas saudades do meu sofá que quando voltar para casa vou dormir dois dias seguidos enroscadinha nele. Até tenho saudades dos meus talheres, vejam bem.
Não há nada como a nossa casa. E isso não inclui família . Família é uma coisa, casa é outra. A minha casa é independência, liberdade e até serenidade. 
Ai quando eu chegar a casa....

A casa de um homem é o seu castelo. Edward Coke.

domingo, 15 de setembro de 2013

Esperança!

É o sentimento que me persegue nos últimos dias. Esperança no futuro, esperança no presente, esperança a cada hora que passa. A angústia desaparece suavemente e dá lugar  a esta  esperança que inunda toda a casa. Quero respirar esta esperança cada vez mais. Quando nada podemos fazer, há quem se volte para a fé, outros que se voltam para a raiva, outros para a introspecção . Eu quero me voltar para a esperança, hoje, agora, amanhã. 
Seja qual for o nosso caminho, os nossos receios, a nossa fé, eu acredito num futuro melhor para cada um de nós. Esta é a minha fé: esperança na humanidade. Porque encontramos, sem esperar, pessoas que nos dão o apoio na hora certa, a palavra bonita no momento que mais precisamos. E derrubam fronteiras para nos trazer um pouco de esperança, esse bem tão raro e tão necessário para combater a angústia. 
Tudo em mim, tudo em nós, é esperança.

P.S.- Este texto foi escrito no período da pós-operação de um familiar muito próximo. Quem passa por momentos complicados, seja connosco ou alguém da nossa família, sabe da angústia que nos acerca e do sentimento de total impotência. Mas correu tudo bem, mesmo tudo bem. E por isso, para quem vai passar ou está a passar por alguma situação deste género, desejo o melhor e apenas o melhor. Ninguém nos tira a angústia, mas também ninguém nos retira a esperança.

Um beijinho muito grande.


domingo, 8 de setembro de 2013

O Spread.

Para quem tem casa própria, a palavra spread é tipo bicho papão "Aiii que  me vão aumentar o spread".Falamos uns com os  outros de quanto é o nosso spread, numa tentativa de ver quem é mais esperto e fez melhores contratos.Se alguém tem o spread a 0,5 é um génio, se o spread é de 1,9 é uma asco que não sabe negociar. Mas o que é o spread? O spread é uma taxa de juro, definida pelo seu banco, indexante à taxa de juro variável. Ou seja,é uma taxa de juro que se indexa à Euribor. Se a Euribor baixa,o custo associado do spread também baixa. Se a Euribor sobe, o custo associado  do spread também aumenta porque vão coladinhos como num casamento.O drama dos spreads começa quando alguém perde o emprego ou muda de casa. Aí vai-se  de joelhos, pedindo muita licença para não chatear, renegociar com o banco. O senhor doutor do banco é muito simpático  e aumenta tudo, diluindo o empréstimo por um período maior de anos e aumentando o spread, pois como diz o senhor doutor bancário "são ordens de Lisboa, nada posso fazer" . E como nós nunca sabemos nada dessas coisas, vamos na conversa e até vamos muito contentes porque este mês até já vamos pagar a prestação da casa, embora o spread tenha aumentado para o dobro e em vez de pagarmos a casinha por mais 20 anos, vamos pagar por mais 40. E o problema é irmos na conversa, porque pensamos que nada podemos fazer. Isso não é verdade. No caso dos spreads, o banco não pode aumentar o spread no crédito à habitação em caso de divórcio, separação judicial de pessoas e bens, união de facto, arrendamento da casa que garante o crédito à habitação, desemprego de um dos cônjuge e mudança para um local de trabalho a mais de 50 km. Também são contempladas pessoas que já estejam numa situação económica dificil.
Por isso, antes de compararmos se o teu spread é maior que o meu, estejamos muito atentos às mexidelas dos bancos nas nossas contas. Vá ao Banco de Portugal informar-se antes de ir ao seu banco. É que todos temos direitos mas temos de os saber defender.E protestar. Afinal é do seu dinheiro que estamos a falar. 

Um banco é um estabelecimento que nos empresta um guarda-chuva num dia de sol e nos pede de volta quando começa a chover.
Frost, Robert

domingo, 1 de setembro de 2013

Sou perfeccionista, sou o máximo.

Domingo à noite, jantar em casa dos meus pais e a clássica Nova Gente. Vem a Fanny na capa, o que é sempre promissor. E depois uma entrevista uma qualquer aspirante a atriz/ cantora e a clássica pergunta: -"qual o seu maior defeito?", ao que a atriz/ cantora responde a clássica resposta (passe-se o pleonasmo)- " sou muito perfeccionista. Sou a minha maior inimiga". E bingo, temos aqui um autoelogio descarado. Perfeccionismo, teimosia, mau feitio significam a mesma coisa" sou uma pessoa com carácter, que gosto de tudo bem feito, podem confiar em mim totalmente". Uau, que grande defeito. Terrível, que pessoa terrível.
A resposta à pergunta também só pode ser esta. Afinal, que parvoíce é esta de perguntar qual é o maior defeito? Defeitos são sempre apontados por outros e escondidos por nós, tal como deve ser. Ninguém vai responder: sou péssima pessoa, sou capaz de tudo para conseguir o que eu quero. Ou então sou um preguiçoso do pior. Ou sou viciado em jogo, perco o dinheiro todo.
Existem perguntas que não se fazem e respostas que não se dão. Esta é a rainha de todas as perguntas que não se fazem. Por isso não percam tempo a dizer que têm mau feitio, ou que são muito exigentes convosco ou que não aguentam falhar porque são muito perfeccionistas. Já sabemos que os vossos defeitos não existem ou são para manter escondidos. Antes assim, que defeitos são defeitos, não são qualidades disfarçadas. Ah, e qual o meu defeito? Bem, sou perfeccionista.... 

"O problema das pessoas que não têm defeitos é que, com certeza, têm virtudes terríveis." 
Elizabeth Taylor.