terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Mulheres na política precisam-se. E já.




Várias vezes me questiono porque é que as mulheres não estão na política. Consigo perceber que a  que a realidade social é diferente para homens e mulheres porque, pasmem-se, também sou mulher, e que para nós mulheres, o peso da família, do cuidar dos nossos e das nossas coisas, ainda é pesado, leva-nos tempo e energias. Mas  deixem-me contar-vos uma história. Há duas semanas, num daqueles muitos jantares de Natal que deviam ser proibidos constitucionalmente, a mesa estava quase paritária. Jantou-se, falou-se de temas banais, e no fim os homens levantaram-se para colocar os pratos na cozinha e as mulheres, instintivamente, começaram a lavar e arrumar loiças e tudo o mais. Até aqui tudo normal, dentro de um certo pressuposto de normalidade. O que me fez parar para pensar não foi isto, foi o que se passou a seguir. Os miúdos estavam a ser miúdos ou seja a gritar e a infernizar a festa, e um dos putos estava a dar rodas  e voltas no chão . Quando uma das miúdas, pequenita da mesma idade, se junta no chão a fazer rodas e coisas barulhentas a mãe coloca-se em campo, levanta a miúda do chão e diz bem alto “  Pára quieta já.comporta-te como uma menina”. E vira-se para nós e diz “ credo, que elas hoje são piores do que eles”. E aqui está o problema.   É que quando aquela menina crescer e disser mais tarde à sua filha para se comportar como uma menina, é porque nós mulheres deixámos que isso acontecesse, eu mais que incluída. Nós mulheres, que ficamos sempre na sombra quando somos chamadas a intervir, contribuímos para que as diferenças de género não se esbatam e dizemos àquela menina que pode fazer menos do que o amiguinho do lado porque o seu espaço natural é de reflexão e recolhimento e o do menino de caos, barulho mas de intervenção. Na política quando  não assumimos o espaço que nos está reservado  e que foi arduamente conquistado, então somos nós quem está a dizer às próximas gerações que há comportamentos de meninas e  comportamentos de meninos e a política é para os meninos porque nós temos “ mais que fazer”.  Se queremos e exigimos  paridade temos de dar, literalmente, o corpo ao manifesto. É nossa obrigação  zelar para que as novas gerações de mulheres e homens não tenham medo de falar, de dizer não, de assumir diferentes papeis sem se preocupar se convém ou não ao seu género .É nossa obrigação de contribuir para um tempo justo.