domingo, 1 de dezembro de 2013

Uma Europa perigosa.

O Papa Francisco disse-o, Soares disse-o, eu digo-o: uma Europa perigosa está a surgir a passos largos. Manifestaram-se ontem em Atenas apoiantes da Aurora Dourada, o partido da extrema-direita que elegeu 18 deputados para o Parlamento Grego, a exigir a libertação do seu líder Nikos  Michaloliakos, acusado de assassinar Pavlos Fyssas, cantor anti-fascista, à saída de um bar. Na Eslováquia o partido de extrema-direita  A Nossa Eslováquia, conseguiu ser eleito para governar a região Banská Bystrica, e o  seu discurso anti-cigano venceu o discurso democrático. Na Hungria o partido Amanhecer Húngaro, está prestes a conseguir a legalização, com um discurso anti-semita e anti-cigano. Nesta mesma Hungria que criminaliza os sem-abrigo, prendendo-os depois de três detenções: quem é pobre é preso por ser pobre. Na Áustria, o partido da extrema-direita, anti-imigrante e anti-europeu, subiu nas tendências de voto. Na França, a ministra de origem guianesa é chamada de macaco e crianças atiraram-lhe bananas na rua. Ao mesmo tempo, o partido de Marine Le Pen sobe nas intenções de voto. O massacre na Noruega, na ilha de Utoya, foi apenas há dois anos. Lembram-se do motivo? Matar a nova geração de liberais noruegueses, dos que colocam os direitos humanos como bandeira humana antes da cor da sua bandeira.
É uma Europa a ferro e fogo onde a culpa da crise económica não é dos bancos, nem da desregulação bancária, nem  dos negócios privados que lesam o Estado nem dos maus políticos. A culpa é dos ciganos, dos emigrantes, dos pretos, do outro.
Que se deve fazer? Bem, nisto sou sueca. O líder da extrema-direita foi recebido no Parlamento  Sueco com um bolo na cara (o que se diria em Portugal, meu Deus!). O primeiro-ministro não lhes concede audiências porque com este tipo de gente não há diálogo.
Com o racismo, com a xenofobia não se dialoga.Não se dá voz.Porque Hitler não pode voltar a morar aqui.


Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

Mandela, Nelson



4 comentários:

  1. "those who do not learn from history are doomed to repeat it" george santayana
    isto está escrito num dos primeiros pavilhões que se visitam em Auschwitz.
    Este espaço medonho, que muitos se recusam a visitar porque há coisas mais bonitas para se ver, ou porque não estão para ver o horror porque já viram nos livros, ou porque acham desnecessário visitar por não se deve ver os horrores da história... devia este espaço ser de visita obrigatória para todos!
    as pessoas esquecem rapidamente a história e como o diabo ter forma de gente em discurso "anti" e falo também dos sovietes que são odiados da mesma forma que são os nazis na Polónia... país massacrado por ambos os diabólicos regimes.
    Também faz falta lerem um pouco das memórias de Churchill... saberiam o que foi a Europa entre guerras e... percebiam as semelhanças...
    Extremos, esq ou dta, nunca serão bons. Sempre atenta, Marisa! Muito bem.

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    1. Primeiro, belíssima citação. Quem não sabe história, repete as piores fases da história. Nunca fui a Auschwitz mas é daquelas visitas que tenho mesmo de fazer, porque acredito que quando se está no local se sente o horror de uma forma mais explícita. Em seguida, subscrevo que extrema é extrema, seja esquerda ou direita. Contudo neste momento é a extrema direita que se está a organizar na Europa e de uma forma impressionante. Embora na Russia a extrema esquerda totalitária e fanática também o esteja a fazer.Os pontos em comum são mais do que aqueles que afastam a esquerda e direita radical: um nacionalismo xenófobo e radical está presente em ambas as ideologias. E qualquer que seja o movimento quando a condição humana é menor que a condição "racista", tempos obscuros nos esperam....

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  2. Desculpa o primeiro comentário... está um português atribulado, mas é domingo e está frio. ;)

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