A profissão
mais velha do mundo é a estupidez crónica. Nasceu no mesmo dia em que o macaco
se tornou bípede, sendo que o macaco é menos estúpido que o homem. Dizer
que a prostituição é a profissão mais velha do mundo é apenas acusar as
mulheres de serem putas, vulgares, indignas. Provavelmente a profissão mais
velha do mundo terá sido a agricultura, ou a caça. Mas caiu-se na vulgaridade
de se atribuir à prostituição este triste epitáfio, condenando as mulheres a carregar
este peso, tal como Eva carrega o peso do pecado apesar de ter sido o parvo do
Adão que comeu a maça.
A
prostituição é uma profissão em Portugal, apesar de estar na terra de ninguém,
porque o proxenetismo é ilegal, e os bordéis proibidos. Mas as prostitutas e
prostitutos não têm protecção legal ,nem fazem descontos, porque não enquadramos
a profissão em termos legais. Então o que fazer com esta profissão?
A Suécia, a
Noruega e o Reino Unido punem os clientes, mas a oferta da internet subiu,
subindo também os riscos de transmissão de doenças entre prostitutas e
clientes. A Holanda, a Alemanha, a Suíça e a Grécia
regulamentaram a prostituição considerando-a uma actividade económica. A Alemanha
já divulgou os lucros da actividade no sexo, num claro pragmatismo.
Mas existem questões não esclarecidas. Por exemplo, as
mulheres que se dedicam à prostituição são livres ou pertencem a redes de
leste, onde são escravizadas? A Alemanha tem este problema presente e as
prostitutas tem facilidade em sair desta profissão, que não é igual às outras,
ou o facto de se ter profissão ” prostituta/o” escrito no currículo pode
condicionar a vida futura destes homens e destas mulheres?
Bem, não sei responder a estas questões. Mas gostava
que fossem debatidas na sociedade portuguesa porque a crise está a levar mais
mulheres e homens para as ruas, onde para muitos é a única forma de
sustentarem as famílias. Mas sobretudo quero que lhe parem de chamar a
profissão mais velha do mundo. Porque raramente foi uma profissão e realmente
não foi a primeira.
Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.
Nelson Rodrigues
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