domingo, 30 de setembro de 2012

A possibilidade da Guerra.

A guerra!  Pergunto-me  O que é a Guerra? 
Hoje, ao ver as manifestações em Madrid e Portugal, pergunto-me se não estaremos perto demais de  conhecer uma realidade que a minha geração nunca conheceu: a Guerra. A Guerra com letra maiúscula. Não a psicológica, a das intrigas, a da diplomacia económica, mas sim a Guerra. Aquela onde se mata e se é morto. Onde se defende uma causa e um ideal, seja ele qual for.
Neste momento, os discursos extremam-se. A extrema direita surge no seu esplendor:   a culpa é dos ciganos, das prostitutas, dos emigrantes. Basta ler alguns posts no facebook para que se perceba: o ódio está a surgir em cada esquina. Os que trabalharam ( quando? onde? ) não têm de pagar pelos luxos dos outros. Esses ladrões que não conhecemos mas que facilmente identificamos: os outros, os que não são como nós. Salazar era menos ditador que os seus homólogos Hitler e Estaline , até era um bom homem. E no tempo do Salazar não havia "isto": E o que é "isto"? A pobreza envergonhada? Ensino básico até à quarta classe e impossibilidade de sonhar mais alto?  Mulheres sem o direito de ler  as suas próprias cartas sem autorização do "chefe de família" ?
E do outro lado do vento também surgem sinais inquietantes.Estalinismo radical. O controlo total das nossas vidas pelo Estado, A solução para os problemas. 
Deixam-me esclarecer um ponto: sou totalmente a favor das manifestações  Aliás, participei em algumas. Creio firmemente na vontade do povo para sair à rua  e mudar esta política radical económica em que não se olha para quem está ao nosso lado, mas sempre para um futuro cada vez mais sombrio. 
Por isso apelo. Está na altura de todos pensarmos a Democracia. O que é, o que queremos dela. Quais as respostas que pretendemos para a contemporaneidade.  Como definimos as nossas políticas públicas. Como defendemos o Estado de Direito.O ensino. A saúde. Os direitos dos trabalhadores e dos empregadores. O direitos dos credores face a uma banca totalmente desregulada. No fundo,como mudamos o que está incrivelmente mal. 
Está na altura de pararmos de dizer mal da sogra, das amigas. Do chefe e da chefe.  Já não há paciência para conversas de bastidores. Já não interessa se aquela namorou ou não namorou com o x. E se aquele é um vaidosos que comprou o carro mais caro do mercado. 
Temos de tirar as Secret Stories da nossa vida e começar a pensar  a sério: Que mundo é este e como posso contribuir para o mudar?
Senão, serão aqueles das falinhas não mansas, os da ideologia fácil, dos insultos já gastos, que vão tomar o seu lugar na tribuna. Foi assim com Hitler, Estaline e Salazar.  E todos eles levaram  gerações de jovens homens a lutar por causas que hoje nem compreendemos o porquê. E antes que matemos o nosso amigo numa guerra estúpida, é tempo de pensar o mundo, os valores, os ideais, o certo e o errado. O tempo de pensar é Já!


Balada de um soldado ;  Autor desconhecido, cantado por Mafalda Veiga 


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