Ontem foi
embora o Gaspar, no dia 1 de Julho de 2013, ano da graça do Senhor. Daqui a 5
anos já ninguém deve saber quem é o Gaspar, portanto eu escrevo para a
posteridade que era um senhor com uma voz muito chata, ministro das finanças,
que não fora eleito coisíssima nenhuma, como o próprio afirmou. Victor Gaspar é
um técnico com umas técnicas tão chatas que foram tecnicamente impossíveis de
executar e ouvir. Eu, como sou teimosa, comecei a pensar porque é que
nada, de há uns largos anos para cá, dá certo. E a resposta é: porque as
previsões acabaram, ou seja nada se pode prever porque já nada é previsível. Há
quem chame a esta teoria a teoria do caos o que significa que certos resultados
são causados pela acção e a interacção de elementos de forma praticamente
aleatória. E se são aleatórios são imprevisíveis. Era isto que Gaspar queria
dizer quando falou do mau tempo em Portugal: foi um caos tão grande que as
previsões outrora previsíveis foram totalmente imprevistas. Gaspar afinal é um
técnico altamente especializado na teoria do caos.
O mundo
mudou. Se nos anos 80 o futuro era risonho com permanentes assustadoras e níveis
de crescimento tão abundantes como os chumaços que toda a gente usava, o
novo milénio trouxe de volta a triste realidade de que pouco se controla e prevê-se
que assim continue.
Mas eu
prevejo que com estes aumentos de impostos, com sindicatos que não respondem às
inquietações das novas gerações mas propagam sempre a mesma lengalenga, com
estas políticas que têm levado a Alemanha ao enriquecimento e nós ao
empobrecimento, a situação vai que já é má ainda vai piorar. É só uma previsão,
não mais do que isso. Claro, que posso dizer tudo isto de forma mais “científica”,
ou seja que como prevê o Banco de Portugal a " prossecução do ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos
permanecerá como uma importante condicionante da evolução da procura
interna", o que quer dizer que " nós não sabemos o que vai
acontecer porque se vocês comprarem a economia sobe, mas como vos estamos a esfolar
vocês não vão ter dinheiro e a economia desce".
E também
prevejo que Sun Tzu, o homem que escreveu que se sabe quem ganha a guerra sem
lutar, só através da estratégia, deve estar muito zangado com Gaspar. Afinal
Sun Tzu também aconselhava que quem não conhecia as condições
geográficas perdia a guerra. Foi o que faltou a Gaspar: um noticiário meteorológico
sempre actualizado.
Porque eu
prevejo que é preciso sair dos gabinetes e ir á rua comprar leite numa
pequena loja e comparar com os preços de um supermercado, e verificar quem
ficou com a margem de lucro. E eu prevejo que sem um bom choque de realidade,
de entender o terreno europeu onde se pisa, a desgraça continue. Que se percam
todas as batalhas desta guerra. Mas é só uma previsão, que espero que falhe,
como têm falhado todas as outras.
Não é
preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados
para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está
visível.
Sun Tzu
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