Estava muito bem a conversar com uma amiga minha de longa
data, quando uma conhecida (muito querida por sinal) me vem cumprimentar. Eu
lembrava-me da cara dela, mas a rapariga lembrava-se do meu nome e tudo. E, no
meio da conversa, descobrimos que nos conhecíamos dos tempos do liceu e que
ainda temos amigos e comuns. Até que vem aquela frase " pois no liceu
éramos tão cools". Gelei. Não,
era claramente um engano. Se há coisa que nunca fui foi cool. Posso ser
antipática, simpática, arrogante, acessível, parva, amorosa, palerma ou
perspicaz, mas se há coisa que nunca fui foi cool.
Primeiro, porque uso óculos fundos de garrafa (mesmo!) e ,
como tal, vejo nada bem. Depois, porque
passei sempre ao lado das modas da época: na adolescência usava calças extra
largas e camisas aos quadrados verdes e brancas. Nunca usei nada justo. Depois
porque passava a vida a ouvir phones no liceu era apaixonada pelo Eddie Vedder
dos Pearl Jam e soletrava musicas dos
Soundgarden pelo liceu. E isso não era nada cool.
Depois porque nunca andei em grupos de raparigas, nem nunca me interessei pelos
rapazes do liceu ou do sítio onde morava. Nunca me viram em vãos de escadas aos
risinhos nem com problemas amorosos. Os rapazes entraram tarde na minha vida e
isso foi uma bênção. Só aos 16 anos percebi que eles existiam e não fiquei
propriamente satisfeita... Os homens dão muito trabalho e a maioria das
preocupações que nos dão é totalmente desnecessária. O liceu para mim foi um
dos poucos momentos da minha vida onde apenas a música contava e onde eu
sonhava ir ao Egipto ver as pirâmides. Não usava batom, não usava roupa justa,
não tive desgostos amorosos, não me sentei no banco dos fixes da escola, não
tocava guitarra. Não disse " opah
que cena", nem " ele é
espectacular". Eu não era a cool, nem a nerd. Eu era apenas uma das que lá andava, e isso fez-me feliz. Claro
que muita gente me deve ter achado esquisita, mas aposto que era reciproco. Por
isso chamem-me tudo, mesmo tudo, menos cool.
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