terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ser Português!

Acabei de regressar de Sevilha onde fui de Copas e de Tapas.
"Tudo bien chico, que Sevilha tiene um color especial". E no meio de Sevilha, comecei a pensar no que para mim é ser Português.De facto, a grande maioria dos portugueses irritam-me: deprimidos, sempre com frio ou sono, com programas preferidos como a Casa dos Segredos ( já agora, quem ganhou?) e pouca cultura em geral, os Portugueses ainda não são o povo que Fernando pessoa desejou: Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Mas, no meio de tanta desanimação, as saudades da calçada portuguesa ( é linda, caramba é linda!), do galão, do pão, do pastel de nata, das refeições (almoço, lanche e jantar) bateram à porta. E, mesmo com a crise  que aí vem, com todos os medos válidos e receios que nos esperam, nem a Espanha, nem a França  nem o resto da Europa têm o nosso mar, o nosso Fado, as nossas mil cores.. É claro que posso emigrar: já sinto que falta pouco, que o país não me vai dar outra alternativa. E se isso acontecer, terei de levar dentro de mim toda a Portugalidade, aquela que se expressa nos poemas assim: 


Tardes da minha terra, doce encanto, 
Tardes duma pureza de açucenas, 
Tardes de sonho, as tardes de novenas, 
Tardes de Portugal, as tardes de Anto, 

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto! 
Horas benditas, leves como penas, 
Horas de fumo e cinza, horas serenas, 
Minhas horas de dor em que eu sou santo! 

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas, 
Que poisam sobre duas violetas, 
Asas leves cansadas de voar ... 

E a minha boca tem uns beijos mudos ... 
E as minhas mãos, uns pálidos veludos, 
Traçam gestos de sonho pelo ar ..


Florbela Espanca, Livro das Mágoas.

Sem comentários:

Enviar um comentário