Acabei de regressar de Sevilha onde fui de Copas e de Tapas.
"Tudo bien chico, que Sevilha tiene um color especial". E no meio de Sevilha, comecei a pensar no que para mim é ser Português.De facto, a grande maioria dos portugueses irritam-me: deprimidos, sempre com frio ou sono, com programas preferidos como a Casa dos Segredos ( já agora, quem ganhou?) e pouca cultura em geral, os Portugueses ainda não são o povo que Fernando pessoa desejou: Senhor, falta cumprir-se Portugal.
Mas, no meio de tanta desanimação, as saudades da calçada portuguesa ( é linda, caramba é linda!), do galão, do pão, do pastel de nata, das refeições (almoço, lanche e jantar) bateram à porta. E, mesmo com a crise que aí vem, com todos os medos válidos e receios que nos esperam, nem a Espanha, nem a França nem o resto da Europa têm o nosso mar, o nosso Fado, as nossas mil cores.. É claro que posso emigrar: já sinto que falta pouco, que o país não me vai dar outra alternativa. E se isso acontecer, terei de levar dentro de mim toda a Portugalidade, aquela que se expressa nos poemas assim:
Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes de Anto,
Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar ...
E a minha boca tem uns beijos mudos ...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar ...
Florbela Espanca, Livro das Mágoas.
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