segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As perguntas!


Desculpem leitores masculinos, mas esta crónica é exclusivamente para mulheres. No entanto, podem ler e perceber como é,realmente,o nosso mundo.
Existem perguntas que nos perseguem toda a vida. São mais insistentes em algumas épocas, mas fazem perto do nosso crescimento. Já começam a reconhecê-las?
Até aos 10 anos, as perguntas são: então já sabes ler? Passaste de ano? Vais de férias com os teus pais? E para onde? Geralmente estas últimas duas perguntas são sempre feitas por membros da família com segundas, terceiras e quartas intenções, que só muito mais tarde reconheceremos.
Mas é a partir dos dez anos que a vida das raparigas se complica. E qual é a pergunta que nos persegue? É essa mesmo,20 pontos: já tens o período? Ou na variante mais popular: já és uma mulherzinha (sim, o estatuto começa aqui)? Ou ainda, na sua vertente mais popular (mas mesmo popular, ou seja do povo): então, já joga o Benfica? Esta última deixa-nos confusas, baralhadas e muito angustiadas. Por mais que sejamos acérrimas defensoras do clube, nunca mais o vemos da mesma maneira. Porque a imagem é muito visual e pouco polida, digamos assim.
A partir dos 15/16 a pergunta altera-se. É feita a nós, aos pais,aos amigos: então, já tens namorado? A sua filha já namora? Não? Ah, a minha sim, com o filho do não sei quantos e tal... Nesta altura pensamos em emigrar, mas não temos ainda idade legal para isso. E quando passamos a ter aí a pergunta muda: então, já casou? Vai casar? Quando vai casar? Ai, não vai casar?
Casar torna-se uma obsessão social tão grande, que tenho a certeza que muitas amigas minhas se casaram só para não terem de ouvir nem responder a esta pergunta mais vez nenhuma.E é por isso que se usam alianças: é a imagem visual do “já casei, por favor não me façam mais esta pergunta.”!
E a partir da 30,a pergunta é só uma:e filhos? Esta pergunta é universal. Não interessa se se é casada, solteira, divorciada ou até um pouco anti-social. A pergunta, por ser universal e absolutamente intrometida, persegue-nos sem tréguas. Já tem filhos? Já tem filhos? Já tem filhos, até à exaustão!!!!!!
E no meio de tantas perguntas, nunca ninguém nos faz a mais desejada. Aquela que merecemos responder para poder continuar a viver em pleno: qual é o teu sonho? Porque desejos e  ambições não são socialmente aceites e por isso não se perguntam. Os sonhos devem ser retraídos, fechados, em nome de um bem maior: a ordem pública. Aquilo  com que conseguimos conviver.O banal. O normal. Ler, namorar, casar, ter filhos.
 E por isso, porque os sonhos, quando os temos, são ilimitados, e por isso ninguém, mas mesmo ninguém nos faz esta pergunta.
Mas eu não quero cair no mesmo erro e por isso pergunto-te, tenhas 10, 20 ou 30 anos:

Qual é o teu sonho?


Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão,  Movimento Perpétuo, 1956


10 comentários:

  1. Babe, estou a aplaudir de pé. Antes fiz uma vénia. E tenho vontade de mandar isto a todos os que me perguntam "então, tens alguém?"; "mas não queres casar?"; "quando pensas ter filhos? olha o relógio...". Ide todos para o raio que vos parta com as sociedades em moldes pré-definidos do que é fixe e normal. . LOL. Já agora, tenho muitos sonhos o mais imediato é domar o meu cabelo... está num "movimento perpétuo" de ondas que me irrita!
    Obrigadinha por mais esta viagem ao interior do meu cérebro!

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  2. O meu sonho é viajar, viajar, viajar. Deixar os receios de parte e não ter que me preocupar com dinheiro (mesmo que isso implique mudar de estilo de vida).

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  4. Não pude deixar de analisar as tuas ditas perguntas com muita atenção, enquanto leitor masculino. No inicio quase que excluis por achares que essas mesmas perguntas não se aplicam, de facto, ter o período, essa não se aplica de todo, mas convém também que conheças a dura realidade dos homens. Assim como nas mulheres até aos 10 anos as perguntas são exactamente iguais a coisa muda depois dessa idade... é claro que não nos vão perguntar se o "GLORIOSO" joga em casa, mas a pergunta que te começam a fazer é um misto de arte com curiosidade mórbida pois nunca consegui perceber o porquê de tal conexão, e a pergunta resume-se a "Então já pintas?", apenas com o intuito de saberem se te estas a tornar homem com apenas meia dúzia de pelos púbicos sendo o centro das atenções. Pior que essa pergunta, é mesmo aquela que pela primeira vez feita, te assombra até ao dia em que o consegues perceber se é mesmo aquilo que conseguiste ou simplesmente é um fruto do acaso, a pergunta é simples e directa mas mais uma vez ficas assustado e em pânico porque não entendes o porquê de quererem que tu com 12/13 anos andes , supostamente, "esgalhar o pessegueiro"!! Depois desta fase, as perguntas repetem-se também para os homens, se há namoradas, e por ai fora... A pergunta seguinte, e mais tarde, também é exactamente igual, o casar... Enfim, como já deu para reparar, a diferença não é muita a única diferença aqui, na minha opinião é mesmo a forma como respondemos a essas mesmo perguntas que nos assustam, eu por exemplo, sempre tive o fantástico habito de responder aquilo que não quero responder com um simples " mete-te na tua vida" isso para os mais chegados, para os outros, apenas lhe juntava uma espécie de prefixo no inicio da frase que era um "Vai pro caralho, mete-te na tua vida!", e as coisas sempre correram as mil maravilhas!! Quanto a "obsessão social" de que falas, apenas te restam duas saídas, ou entras na mesma "ideia" nefasta e mediúcre ou simplesmente segues o teu sonho!! ;)

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    1. João, gostei muito das tuas observações. Realmente, sempre vi isto na perspectiva feminina, mas as tuas observações têm toda a razão de ser!E é sempre bom aprender :)
      Eu defendo que devemos sempre seguir os nossos sonhos! Bjs muito grandes e obrigada pelo comentário diferente e inspirador!

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    2. É sempre um gosto!!

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      João Simão/Fã#1

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