sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A família!

Estava eu muito contente a ler a Nova Gente, essa revista do verdadeiro boato, quando a minha querida mãe me apresentou a Caras. Ora bem, as diferenças são inacreditáveis, com a Nova Gente a bater aos pontos a Caras nas questões das maledicências, tal como eu gosto.Uma revista ou coscuvilha ou então não me façam perder tempo.
No entanto a Caras despertou-me a atenção por causa da palavra "família" Aparecia a importância da família, o valor da família em todo lado. Parecem aquelas borbulhas irritantes da adolescência que não teimam em sair. A família enorme com pai, mãe, filhos, avós, tios e netos de sorriso muito feliz e bastante idiota, descrita dita deste modo convencional, é absolutamente irritante. Porque todos sabemos que é nas famílias que o maior mal se esconde. A maioria dos abusos sexuais é efectuada em família, a maioria das zangas e discussões é efectuada em família, os mais macabros assassinatos são perpetrados entre família.Não me levem a mal,acredito que a vossa família é maravilhosa, unida e melhor que as outras, vamos pôr assim para não ofender ninguém. Mas existem outras famílias, que não a minha e as vossas obviamente,que são casos de polícia e filmes de horror. E,provavelmente,essas pessoas sentem-se mal em família  e a família não as protege nem as faz sentir seguras.
Mas, numa sociedade com valores (adoro esta palavra, lembra-me dinheiro mas afinal é outra coisa mais sentimental) familiares tão fortes, assumir a horribilidade da nossa família ou dos nossos familiares é quase mais condenável do que os crimes cometidos entre família. Não dizer que o meu pai é o meu herói e a minha mãe uma mulher de armas e o modelo perfeito,o meu marido o máximo e as minhas tias super, é expor a vulnerabilidade da vida e as nossas mais profundas dores e segredos. E, são poucos os que aceitam que, se calhar, os nossos inúmeros clichés dificultam a vida dos outros, tornado também a nossa um covil de mentiras.E é nesse encadeamento de clichés parvos e idiotas, de uma moral que se torna absolutamente imoral porque proíbe a vida no seu pleno, que julgamos os outros mesmo quando estes se tornam vítimas.Repararam que Portugal foi o único país católico onde, quando Papa o visitou, não surgiram vítimas de abuso sexual? É claro, óbvio, absolutamente certo ,que os nossos padres e sacristães são uns santos e às vezes os nossos meninos portam-se mal e precisam de levar tau-tau.
E por tudo isto faço um apelo: que os que têm uma família decente parem de  difundir esta gabarolice gratuita pelo mundo. As pessoas amam-se e glorificam-se em privado ou em situações absolutamente especiais.
Mais do que isso, é uma espécie de maldade. Ou pior, um fingimento exacerbado de quando algo vai realmente podre no reino das famílias.E para tal não há palavras. 

"A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos."
Martinho Lutero


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