Em pleno século XXI e depois de mais de um século de luta
pela emancipação feminina, as mulheres ainda têm de responder a esta pergunta:
querem família ou um lugar no mercado de trabalho? Apesar das empresas terem de
recorrer cada vez mais a mulheres para lugares de chefia (e ter é a palavra
exacta, não é uma escolha da maioria das empresas), as mulheres ainda
desempenham o papel de mulher perfeita, mãe de família extremosa e esposa dedicada.
Este mito perpetuado sobretudo por mulheres inflige um peso social
incomportável. É impossível ser-se perfeita em todos os campos da nossa vida e
só a ideia de que o podemos ser é perigosa. Não existem super-mulheres tal como
o Clark Kent é apenas mito. Mas também no trabalho a ideia de que uma mulher
possa ter voz e opiniões firmes não é, na maioria dos casos, bem aceite.
Rotuladas de mandonas, obsessivas, obcecadas pelo trabalho ou simplesmente
cabras, as mulheres têm um estigma social colado à pele que não lhes permite
gritar ou barafustar mas apenas sorrir docemente e gerir com doçura. Para inverter
esta situação são necessárias mais medidas legislativas que garantam a paridade
nos locais de trabalho e no parlamento. São precisas mais medidas de apoio à parentalidade
partilhada. Mas também é preciso que as mulheres quebrem o ciclo e que não
propaguem o mito da felicidade perfeita, sobretudo nas redes sociais. E
assumamos que temos defeitos, que os miúdos choram muito, que gostamos de ter
tempo para nós e que somos alguém para lá da família, do marido, e do trabalho.
E que gostamos de trabalhar e temos ambições.
Se os homens o fazem não deve ser
assim tão difícil….
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