terça-feira, 11 de março de 2014

A música da minha vida.

Não tenho essas coisas do melhor filme, da melhor amiga, do livro que mais me marcou. A lista das coisas de que gostamos vai sempre  se actualizando ao ritmo das coisas que passam por nós, que mais não são que o ritmo da própria vida, vivida a vários tempos. O que me emocionou ontem não será o mesmo que me emocionará amanhã, e este simples facto é tão certo como respirar ou andar. Claro que alguns livros permanecem sempre na nossa memória, tal como as memórias das pessoas que nos marcaram e as próprias pessoas que gostamos. Dizia Virgílio Ferreira que enquanto a memória perdurar nós existimos sempre para outro alguém e essa é uma verdade que não podemos negar.

Mas estranhamente, e eu não sou de acreditar em misticismos, sempre que alguma acontecimento define a minha vida, entro no carro e a mesma música surge. Confesso que já me arrepia, não a frequência com que ouço a música porque tal não ocorre, mas porque quando esta música me aparece na telefonia do carro o momento de onde vim é marcante. E o raio da música toca sempre. Foi a música que tocou quando entrei na Universidade de Évora, foi a música que tocou quando a abandonei para sempre, foi a música que tocou no dia da operação do meu pai, foi a música que tocou neste domingo depois de uma reunião diferente e produtiva. E foi a música que tocou quando me despedi da minha casa e mudei para outra.  Se isto não é premonitório, então não sei o que é. Se há uma música que é a música da minha vida só pode ser esta porque se entranhou e não quer sair. E qual é a música? Bem, mais premonitória não podia ser: O Primeiro dia, do Sérgio Godinho.


Porque este é o primeiro dia do resto da minha vida?

https://www.youtube.com/watch?v=Aj7rPPMiDSo&list=RDAj7rPPMiDSo

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