quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Deus o que é de Deus, aos Turcos o que é da Turquia.

Quando leio que a Turquia é um regime islamista moderado fico sempre muito apreensiva. O que é um regime islamista moderado? É verdade que o Corão não é apenas um livro religioso, é também um livro de costumes. No Corão está tudo escrito, todos os meios e todos os fins. Quanto se deve pagar de impostos. Como se deve ressarcir quem se roubou. Quais os castigos a aplicar. O Corão é um manual extraordinário, não haja qualquer dúvida quanto a isso. E fácil de ler e de entender, o que explica o seu fascínio. A religião que mais cresce em todo o mundo é apoiada num livro simples, directo, com uma fé constante e fácil de entender. Reconheço o meu fascínio pelo Corão, e quanto fiquei fascinada quando o li. É um livro de paz e também de guerra. De paz porque aconselha aos seus fieis o bem, de guerra porque permite a defesa dos fieis contra o ataque religioso ou territorial de outros. E este pormenor, o da guerra, pode ser alargado até ao infinito. Curiosamente o da paz fica sempre limitado, seja qual for o livro, seja qual for a religião.
Dito isto, compreendo e aceito a fé de todos e de cada um. Quanto a Estados islamistas moderados, não aceito nenhum. A Deus o que é de Deus, a César o que é de César, já dizia Jesus Cristo. O Estado tem de ser laico, o Estado não pode ter religião. Deus tem mais que fazer que se preocupar com o orçamento rectificativo de Portugal ou da Turquia. Deus tem mais que fazer do que condenar mulheres por não usarem o lenço. Deus, que tudo vê, tem mais que fazer do que fazer leis que proíbam beijos em público. Deus sabe tudo e de todos em todos os lugares. Por isso, deixem Deus de fora do Estado. Erdogan que não seja porta voz de Deus porque Deus não o nomeou. Quem o elegeu democraticamente  foram as pessoas da Turquia, todas elas  diversas e únicas ao mesmo tempo. Que querem que os governantes governem para todos, para todas as religiões. E querem dar beijos na boca. E as mulheres querem usar os cabelos soltos. E os homens querem ver mulheres de cabelos soltos. E querem ser felizes, num país onde Deus tem o seu lugar e o Estado tem outro. Tudo junto é gente a mais. Por isso, na rua só se pede uma coisa: Que se dê a Deus o que é de Deus, nas mesquitas, nas igrejas, nos locais de culto. E que se dê aos homens a justiça dos homens, a liberdade dos homens, a felicidade de se ser livre. Depois cada um acertará, ou não, as suas contas com Deus. Mas Erdogan não tem nada com isso. Porque  não devem existir Estados islâmicos moderados ou Estados cristãos moderados. Que se dê a Deus o que é de Deus. E que se dê à Turquia e aos turcos o que é dos Turcos: liberdade.



«Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.»  Jesus Cristo in Mateus 22:21

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