quinta-feira, 23 de abril de 2015

Política dos técnicos versus política das gentes.


Deixo-vos aqui o discurso que tinha preparado para o II Congresso do LIVRE, 19 de Abril, no espaço gandaia na Costa da Caparica. Depois não o li, mas era isto que estava planeado. Vou tentar colocar o vídeo do que eu realmente disse mais tarde...

 "Desde que me lembro, a política foi sempre coisa de gente séria e adulta. Para se ter pensamento político era preciso ter família política, visão estratégica para o país, análise fundamentada sobre sectores estratégicos e um espírito empreendedor.
Convenceram-nos que esta coisa da política era para gente com curso, para gente com currículo (e bom currículo) com passagens pelo estrangeiro e universidades e empregos internacionais, e se lá estiver FMI ou DAVOS, então estávamos perante gente boa, tecnicamente excelente, os melhores entre os melhores.Caímos todos neste engodo e fomos entregando o governo do nosso país aos técnicos, para ser analisado por técnicos e expropriado pelos técnicos. E vivemos com perspectivas económicas, análises estatísticas, previsões, gráficos, tabelas e variáveis. Estes instrumentos estavam ao serviço das grandes linhas orientadoras, de grandes visões estratégicas que nos levariam ao olimpo da prosperidade sem erros, limpinho, limpinho. E os números, esses santos números, mostravam-nos o caminho, a verdade das coisas, a glória nacional e internacional.
Mas os números mostraram-nos que, nos últimos 4 anos, a dívida pública é de 130,2% do PIB. Mas a culpa  não é dos técnicos nem dos senhores com grandes currículos que nos governam. A culpa é que os índices e variáveis tão certeiras estavam dependentes de outras variáveis, e essas não estavam variavelmente certas porque se baseavam na vida das pessoas.. Inacreditavelmente as pessoas não se comportaram de acordo com as variáveis. Tiveram o desplante de falirem, de não produzirem de acordo com os gráficos, de não se reproduzirem de acordo com a média prevista. E por isso, tal como Passos Coelho tão bem nos explicou, a culpa não é dos mercados nem das previsões mas sim das pessoas, esses seres imprevistos.
Então e se começássemos a pensar, com grande ousadia é certo, de que a política deveria estar ao serviço das pessoas e pensada e feita por pessoas?
E se a educadora de infância pudesse usar a sua experiência num programa político,

 e se um empregado fabril pudesse participar na construção de um programa político,

 e se um escultor pudesse participar na construção de um programa político

 e se um desempregado pudesse participar num programa político

 e se cada um de nós pudesse participar na política...

Imaginem só as potencialidades, imaginem só a revolução que esta simples ideia pode provocar no país, no mundo. Por isso nasceu o LIVRE, agora LIVRE/ Tempo de Avançar.
A nossa missão é revolucionar pelas ideias. É trazer a nossa vida para a política. É construir uma visão estratégica para o país que se baseia na nossa vida e nas nossas experiências, é não ter medo de falar e de dizer, é tirar o poder de decisão dos técnicos e dos senhores com “currículo”. É perder tempo a escrever aquela ideia que nos surgiu quando lavávamos a loiça sobre IRS, é escrever aquela solução sobre esgotos que já sabemos há tanto tempo mas ninguém nos ouviu, é assumir o nosso pensamento estratégico sobre Europa. Ser LIVRE é isto: não temermos o ridículo, não nos sujeitarmos ao respeito pelos senhores técnicos, acreditar que cada um de nós é capaz de encontrar soluções para o país e que a capacidade de pensar não depende de escolaridade, raça, gênero, idade e profissão. Ser LIVRE é acreditar que cada um de nós é um mundo com valor e com saber. E se cada um de nós cumprir a sua parte então eu acredito, todos nós acreditamos, que os números vão ser mais felizes.Portanto: pensem, escrevam, arrisquem, candidatem-se às primárias. Acreditem em vós e nas vossas capacidades. Acreditem que somos capazes. E façam-no hoje, agora, já. 

Não percamos mais tempo: Este é o tempo da revolução."






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