Hoje a família enterrou a tia Albertina. Calma, antes de
toda a gente me mandar os sentimentos, devo anunciar que era uma morte
esperada. A senhora tinha Alzheimer e já ansiávamos pelo fim do seu sofrimento
há algum tempo. Mas esta minha tia era qualquer coisa. Sempre independente, casou
com um homem mais novo (que escândalo), divorciou-se (que escândalo) e
subsistia financeiramente sozinha e bem (que escândalo). Fumou até ao fim da sua
vida lúcida e fumou mesmo muito mas bebeu ainda mais. Uma das suas histórias célebres é a ida ao médico
já com alguma idade e a recomendação do clínico para que deixasse de fumar e de
beber também. Esta minha tia-avó respondeu ao médico que já não fodia (mesmo
assim, sem ***) e se não podia beber nem fumar, então qual era o interesse de
tratar a doença. Esta senhora acabou a vida de forma triste mas viveu a vida de
forma alegre. E nunca foi, nem um segundo, moralista. Ora num país povoado de moralistas,
de gente que acusa os outros rapidamente e vive de fachada, a minha tia-avó era
uma lufada de ar fresco. Se estiver no céu já está a fumar o seu cigarro e
beber um copo de whisky. Mas o mais provável é que vá para o inferno onde já
deu cabo de dois maços e a garrafa de whisky vá a meio.
à memória da tia Albertina.
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