quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A culpa é feminina



Culpa é um substantivo, feminino, singular. A própria gramática da palavra é esclarecedora: a culpa é feminina. Eva, culpada do pecado do Mundo porque procurou o conhecimento, é a encarnação da culpa feita mulher. E, no islão, a culpa é quase exclusivamente feminina. Se na Igreja católica, as mulheres não têm desejo sexual e devem cobrir-se, resguardar-se, para não acordar o horrível e incontrolável desejo sexual masculino, no islão são as mulheres que têm sete partes de desejo sexual e os homens apenas uma, pelo que devem cobrir-se, resguardar-se, para não atentar contra o desejo sexual dos pobres homens. Ter ou não aqui importa pouco, porque a culpa é feminina e apenas feminina. É sabido que muitos homens não gostam de mulheres, não lhes suportam a voz, quando mais a ideia da sua independência. E as culpam de tudo e lhes ignoram os direitos, como na India onde cada dia se reportam casos de violação assustadores. Mas hoje, no meio de uma notícia que nos parece quase cómica, a Arábia Saudita , o único país do Mundo que tem o nome de uma família , os Saudi, e um dos países com mais dinheiro no Mundo, considera que o aumento do assédio sexual sobre as mulheres de deve a três factores: falta de sentimento religioso ( não sei se das mulheres ou dos homens, mas estou tentada para a primeira hipótese), falta de leis específicas sobre assédio sexual e uso de rímel. Sim, é isso mesmo que estão a ler: uso de rímel. Na Arábia Saudita as mulheres usam sobretudo o Niqab, ou seja são cobertas dos pés à cabeça mas deixam os olhos à vista. Aposto que depois deste estudo o Niqab deixará de ser usado e será obrigatório a burqa que tapa tudo, incluindo os olhos. Mas também aposto que nada resolverá esta hipótese porque a culpa será feminina. Pode não ser através do rímel, mas através do perfume, da forma de andar, de mexer as mãos, mas  uma coisa é certa seja na religião católica, seja na islâmica, seja na India ou em Portugal : a culpa é feminina. Pobres, pobres homens…

Uma mulher é apedrejada pela acção que poderia ter sido praticada por um homem perfeito.
 Carmem Sylvia

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